Uma discussão logo cedo mudou os humores da casa.
Clóvis, um homem grande, porém sensível disse alguma merda para sua esposa Elaine, que, evidentemente, não gostou do que ouviu. Mas, parece que Clóvis não sabe disso. Deve ser muito burro para entender.
- Cadê as chaves?
- Onde você deixou pela última vez?
- Se eu soubesse não estaria perguntando, Clóvis.
- Não precisa ser tão grossa.
- Grossa...meu pau é grosso, seu idiota.
- Não entendo porque tanta irritação.
- Ou você é burro ou se faz de burro. De qualquer modo, tô muito surpresa com sua ignorância recorrente.
- As chaves alí, Elaine. "Vambora"!
Ambos saem do quarto, atravessam, apressadamente, a cozinha e depois a sala, sem trocar uma palavra ou olhares sequer. Elaine entra no carro, fecha a porta e dá partida.
- Espera eu abrir o portão!
"Esse cara é burro, mesmo. Não tem jeito." - Pensou Elaine.
Clóvis entra no carro, olha para a esposa e pergunta:
- Você vai me deixar primeiro?
- O que a gente combinou ontem?
- Que você me deixaria no trampo e depois iria pra entrevista.
- Exato. Mais alguma pergunta?
- Não.
No decorrer do trajeto o casal não troca uma palavra, mas, Clóvis tenta puxar qualquer papo, só para pensar que as coisas estão bem. Mexe no porta-luvas, faz comentários sobre o trânsito, sobre o tempo, sobre o Universo e afins, mas, nada. Elaine sente que tem a situação nas mãos. Ela está no controle e Clóvis sabe disso. Para ele tudo vai se resolver no final do dia, com um agrado aqui ou uma fodinha acolá. Mas, vá saber.